Gramado recebe primeira edição do Giro pelo Rio Grande 2024
16/04/2024
Geral
Política
Fotos João Alves

A cidade de Gramado foi a primeira a receber a edição de 2024 do Giro Pelo Rio Grande, tradicional evento promovido pela Fecomércio-RS com o objetivo de abordar temas importantes sobre o cenário político e econômico e que impactam direta ou indiretamente as empresas gaúchas. Com o tema "Desafios do Brasil em um ano eleitoral", o encontro reuniu cerca de 200 pessoas para ouvir o economista e ex-ministro de Minas e Energia no governo Jair Bolsonaro, Adolfo Sachsida, e o cientista político, Fernando Schuler, mediados pelo gerente de Relações Governamentais da Federação, Lucas Schifino.

 

Estiverem presentes no encontro, o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, o vice-prefeito de Gramado, Luia Barbacovi, o deputado estadual, Joel Wilhelm, o secretário municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Relações Institucionais, Heitor Noel, o presidente do Sindilojas Região das Hortênsia, Guido José Thiele, presidentes e representantes dos sindicatos filiados à Fecomércio-RS, demais autoridades, empresários, imprensa e comunidade local.

 

O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, deu as boas-vindas aos quase 200 participantes, reiterando o papel da entidade para os setores que representa. “A Fecomércio-RS, como representante do setor que mais emprega e mais gera PIB e renda, tem a obrigação de procurar sempre melhorar o ambiente para as empresas fazerem negócios e crescerem. O Giro pelo Rio Grande está alinhado a essa missão. Trazemos hoje para Gramado dois grandes nomes, com conhecimento e experiências práticas na execução de políticas públicas de sucesso”, destaca Bohn.

 

O presidente do Sindilojas Região das Hortênsia, Guido José Thiele, falou sobre a importância do Giro para o setor de comércio e serviços da região. “Momentos como esse são fundamentais para levarmos questões do cenário local e regional às esferas mais altas do governo, principalmente no que diz respeito ao cenário político. Vivemos em uma região de polo turístico, mas administrar o sucesso ainda é desafiador. Precisamos da força da comunidade, do empreendedorismo e da gestão pública para a engrenagem gerar o resultado esperado, fazendo a cidade crescer de forma ordenada e sustentável. Certamente o evento vai provocar um olhar mais afinado para o cenário político da região”, enfatiza.

 

Para o deputado estadual Joel Wilhelm, o encontro proporcionado pela Fecomércio-RS é importante para a participação ativa na rotina do município. “Sabemos e reconhecemos que quem movimenta o país é a iniciativa privada, principalmente o setor do comércio, com grande desempenho na economia do estado. Precisamos discutir as pautas que trazem reflexos importantes para o dia a dia dos municípios, desburocratizando os processos e analisando formas de diminuir a arrecadação de impostos. Precisamos estar sempre juntos das pessoas e entidades que desenvolvem a nossa região”, acrescenta Wilhelm. Veja as fotos do evento.

 

O vice-prefeito de Gramado, Luia Barbacovi, destacou a importância das entidades de classe para integrar e melhorar a região. “Para nós, é importante a Federação escolher a nossa região para impulsionar esse importante debate, pois Gramado e a região em torno tem quase que a totalidade da sua economia voltada para os setores do comércio e de serviços. É importante o papel da Federação, articulando com o Governo Federal, trazendo a participação dos empresários e ouvindo a comunidade para que Gramado seja, de fato, um diferencial para o nosso país”, finaliza.

 

Cenário econômico brasileiro: de onde viemos, onde estamos para onde vamos

 

Iniciando o debate, o economista e ex-ministro de Minas e Energia no governo Jair Bolsonaro, Adolfo Sachsida, falou sobre o cenário econômico atual brasileiro, traçando um parâmetro de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. “Viemos de seis anos de intensas reformas econômicas, como a trabalhista, da previdência e, agora, a tributária. Passamos pelo teto de gastos, independência do Banco Central, novos marcos legais e a abertura econômica. Muita coisa boa vem acontecendo no Brasil desde o período pós-pandemia, tivemos uma dívida pública em 2022 que caiu, se comparada ao ano de 2019, e uma política pró-mercado. Foram seis anos muito bons na parte econômica”, pondera o economista.

 

Falando sobre o cenário atual do país, Sachsida, destacou a mudança no mix da política econômica, no qual, antes, tínhamos menos gastos e, consequentemente, menos impostos. Agora, com mais gastos, temos também mais impostos. “Vivemos um momento do protagonismo do investimento público para impulsionar o investimento privado, o fortalecimento dos bancos públicos e a volta do crédito direcionado”, destaca.

 

Para o futuro, o ex-ministro é otimista ao dizer que o Brasil tem tudo para entrar em uma trajetória sustentável de crescimento econômico, desde que contenha a situação fiscal. “Os seis anos de reformas intensas prepararam o país para ser o grande porto seguro do investimento mundial, mas o futuro depende fundamentalmente de evitar a deterioração da situação fiscal”. Entre as soluções, Sachsida fala na busca de receitas extraordinárias que não sejam aumentos de tributos, redução de gastos públicos e a revisão de gastos tributários. Riscos externos como guerras e juros internacionais, bem como riscos internos, como os gastos públicos, dominância fiscal, eleições municipais e reforma tributária também foram apontados como fundamentais pelo economista.

 

Cenário político brasileiro

 

Trazendo dados sobre o cenário político atual brasileiro, o cientista político, Fernando Schuler, iniciou falando sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que permitiu ao novo governo federal aumentar o teto de gastos no orçamento de 2023 e a falta de cultura dos governos de saber lidar com o dinheiro, o “fechar corretamente as contas no fim do mês”, enfatiza Schuler.

 

A equação política de um governo inclusivo, com abertura para os mais diversos movimentos sociais, como movimentos negros, culturais e feministas também estiveram presentes na fala do cientista político como um ponto de destaque do governo vigente. “É um governo de tentáculos, que, de fato, inclui todos, mas o que precisamos analisar é se realmente esse tipo de governo é sustentável”, avalia.

 

Sobre a reforma tributária, um dos temas mais debatidos no momento, Schuler enfatiza que precisamos ter cuidado com o texto que se desenha, pois “estamos nos afastando da ideia original, está sendo criado uma colcha de retalhos, com uma tributação que varia muito de acordo com o tipo de produto, seria esse o ideal?”, questiona o palestrante.

 

A polarização política também foi um dos temas colocado em debate frente às eleições que se aproximam. “A nossa política está muito polarizada, vivemos dois lados. Já estamos em uma corrida para ver quem serão os sucessores dessa polarização”, finaliza o cientista político. Sobre o aumento da carga tributária no RS, assunto muito debatido pela Federação nos últimos meses, Schuler defende que “ainda existe um enorme caminho de reformas a serem feitas no estado antes de pensarmos no aumento da carga de impostos”.

 

Sobre o Giro pelo Rio Grande

 

Tradicional no calendário da Fecomércio-RS, o objetivo do Giro Pelo Rio Grande é apresentar os posicionamentos da entidade frente à realidade do estado e debater com a sociedade gaúcha, empresários e empreendedores, formas de melhorar o Brasil e o Rio Grande do Sul. Na cidade de Gramado, o encontro aconteceu no Hotel Laghetto Siena. A próxima edição está marcada para acontecer dia 8 de maio, em Rio Grande. As cidades de Santana do Livramento, Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul e Erechim também receberão o debate ao longo do ano.

 

Mais informações, podem ser obtidas pelo site www.fecomercio-rs.org.br.

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