INPC registra deflação de -0,14% em agosto
13/09/2024
Economia
Elaboração: Assessoria Econômica/Fecomércio-RS

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que monitora o comportamento dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, registrou uma variação de -0,14% em agosto de 2024, abaixo da registrada em julho de 2024 (0,26%) e em agosto de 2023 (0,20%). Como resultado, a variação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou para 3,71%.


Entre os nove grupos analisados, dois apresentaram variação negativa em agosto. Alimentação e Bebidas teve uma queda de 0,63%, com o maior impacto no mês (-0,15 p.p.), sendo influenciado pela deflação em Alimentação no Domicílio (-0,87%; -0,16 p.p.). O segundo grupo foi Habitação, que apresentou uma variação de -0,60% e contribuiu com um impacto de -0,10 p.p. no mês, fortemente influenciado pelo retorno da bandeira tarifária verde de energia elétrica em agosto, causando o maior impacto individual no mês, de -0,14 p.p. Os demais grupos apresentaram variação positiva, mas com impactos que chegaram no máximo a 0,03 p.p., caso dos grupos Artigos de Residência e Educação. Similar ao que ocorreu em julho, houve discrepância entre o IPCA (-0,02%) e o INPC neste mês. Esta diferença ocorreu sobretudo devido ao fato de que o grupo de Alimentação e Bebidas teve uma contribuição baixista maior no INPC (-0,15%) do que no IPCA (-0,09%).


O resultado de agosto trouxe uma surpresa positiva, com a queda nos preços dos alimentos e da energia elétrica contribuindo para um alívio no índice geral. No entanto, o mesmo cenário não deve se repetir em setembro, que já tem na conta o aumento da energia elétrica pela vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1 desde o início do mês em função do cenário hídrico restritivo não antecipado. A propósito, diante da estiagem, além da questão energética, também entra no radar pressões sobre os preços de alimentos – que devem reverter a dinâmica que nos últimos dois meses foi o principal fator de alívio para a inflação. 


Assim, prospectivamente, espera-se uma pressão altista de maior magnitude a partir do próximo mês, com impacto no INPC cheio da energia elétrica pela bandeira vermelha 1 que deve passar de 0,2 p.p., levando para cima o acumulado em 12 meses. À frente, apesar de ainda se esperar uma inflação relativamente bem-comportada (sem aceleração descontrolada), prevalece o viés altista, sendo importante acompanhar alguns fatores que podem influenciar essa dinâmica, tanto no cenário interno quanto externo. Para além da questão climática, a pressão sobre os preços de serviços pelo mercado de trabalho aquecido, o impacto do câmbio depreciado sobretudo em bens industriais, e também o preço das commodities – que por conta da queda recente, por ora, contrabalançam as demais pressões.




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