Pesquisa de Endividamento e Inadimplência fecha 2022 com maior endividamento e inadimplência que no final de 2021
23/01/2023
Economia
A pesquisa foi divulgada pela Fecomércio-RS nesta segunda-feira, dia 23.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Gaúchos (PEIC-RS) registrou um percentual de 92,2% de famílias endividadas. Em nov/22 esse percentual era de 91,8% e de 88,7% em dez/21. A pesquisa foi divulgada pela Fecomércio-RS nesta segunda-feira, dia 23.


A edição de dezembro de 2022 encerra o ano com um quadro que aponta para um nível bastante elevado de endividamento das famílias, em que houve um aumento importante na comparação anual do percentual de famílias com contas em atraso. Mas, que seguiu mostrando que as famílias têm mantido o esforço para não perder o controle sobre as contas atrasadas, com o indicador de situação de persistência da inadimplência se mantendo nos seus menores níveis históricos.


Ao observar o percentual de contas em atraso, o indicador passou de 32,3% em dez/21 para 42,5% em dez/22. Tanto o movimento altista quanto o elevado nível refletem em grande medida o indicador para as famílias com renda até 10 salários mínimos, em que o percentual de contas em atraso saltou de 32,3% em dez/21 para 42,5% em dez/22. Apesar da diferença interanual, os dados mensais mostram alívio no percentual de famílias com contas atrasadas após ter atingido o pico em jul/22, quando registrou 49,7% no grupo de renda menor que 10 salários mínimos (40,6% no indicador geral); desde então, a descompressão no indicador, que fica clara para o grupo de famílias com até 10 salários mínimos, tem na retomada do mercado de trabalho e nos estímulos fiscais adicionais durante o segundo semestre (além da redução pontual da inflação) aspectos que contaram positivamente para essa trajetória.


No que diz respeito aos baixos percentuais de famílias em situação de persistência de inadimplência (2,2% em dez/22 e 2,4% em dez/21), outro indicador da PEIC também sinaliza o grande esforço para não perder totalmente o controle das contas atrasadas. O tempo médio com pagamento em atraso se manteve comportado ao longo de 2022, passando de 41,5 dias em dez/21 para 38,9 dias em dez/22; em dez/20, o percentual estava em 57,0 dias.


Ainda assim, o patamar de contas atrasadas segue bastante elevado, em um cenário em que o maior custo das dívidas com o aumento das taxas de juros pressiona o comprometimento da renda. Na comparação interanual, a parcela da renda comprometida com dívida passou de 21,0% em dez/21 para 27,2% em dez/22, com alta concentrada sobretudo no último trimestre de 2022.


“2023 será mais um ano de juros elevados para combater a inflação e, portanto, teremos desafios importantes ao desempenho do varejo, tanto pelo encarecimento das compras parceladas quanto pelo maior comprometimento com o serviço da dívida, que tira espaço da renda para outras alocações. Nesse cenário, por mais que a PEIC-RS capte alguns sinais positivos de descompressão e esforço de pagamento, a perspectiva é de um cenário de endividamento que seguirá prescrevendo cautela”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.


Veja aqui a análise econômica da PEIC.


Ou veja a pesquisa completa.