
A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, que analisa empresas varejistas com 20 ou mais empregados, registrou em janeiro um volume de vendas do Varejo Restrito com variação de -0,1% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. De acordo com o IBGE, o resultado sucedeu três estabilidades consecutivas na margem (variações de -0,5% a 0,5% são consideradas como estabilidade de acordo com o instituto).
Entre as atividades pesquisadas, quatro registraram queda e quatro apresentaram alta na margem. Do lado das quedas, destacam-se os Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (-3,4%) e Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (-0,4%) — que juntos representam 37,7% do índice. Do lado das altas, os maiores aumentos foram em Equipamentos e materiais para escritório (5,3%) e Combustíveis e Lubrificantes (1,2%). Ao comparar com janeiro de 2024, o Varejo Restrito teve um aumento de 3,1%, com altas generalizadas em todas as atividades, com exceção de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria. Nesta base de comparação, destaca-se o aumento de Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (6,2%), Outros Artigos de uso pessoal e doméstico (4,5%), Móveis e Eletrodomésticos (4,4%) e Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (2,8%). No varejo ampliado o resultado foi de crescimento de 2,3% na margem e de 2,2% na interanual. Em comparação com dez/24, este resultado foi influenciado pelas atividades de Veículos, Motos, Partes e Peças (4,8%) e Materiais de Construção (3,0%).
No Rio Grande do Sul (RS), o Varejo Restrito registrou aumento de 1,5% em janeiro em relação ao mês anterior na série dessazonalizada, após uma queda de 1,8% em dezembro de 2024. Na comparação interanual, o crescimento foi de 10,8%, com as atividades registrando sete altas e uma queda. As principais altas foram nas atividades de Móveis e Eletrodomésticos (18,8%), Tecidos, Vestuário e Calçados (16,4%), Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (10,6%) e Combustíveis e Lubrificantes (10,1%). O Varejo Ampliado gaúcho registrou alta de 3,9% na margem e de 12,1% na comparação interanual, com variações ante janeiro de 2024 em Atacado Especializado em Produtos Alimentícios (16,1%), Veículos, Motos, Partes Peças (12,9%), Materiais de Construção (12,1%).
No Brasil, o primeiro mês de 2025 revela a continuidade da tendência de desaceleração econômica observado nos meses anteriores, com a terceira queda consecutiva na margem. No entanto, essa variação ainda se mantém dentro do intervalo de estabilidade técnica (considerando variações entre -0,5% e 0,5%, conforme o critério do instituto). Esse desempenho, já antecipado, reflete um cenário de política monetária cada vez mais restritiva, que dificulta o acesso ao crédito, e uma inflação elevada, que reduz o poder de compra das famílias. Por outro lado, o mercado de trabalho aquecido, o aumento do salário-mínimo e as transferências de renda continuam a representar uma importante fonte de sustentação para a economia. Espera-se que, ao longo do ano, essa dinâmica se manifeste de forma mais clara no setor, com o consumo de bens mais sensíveis à renda sendo sustentado, enquanto os bens mais sensíveis ao crédito perdem força gradualmente.
No Rio Grande do Sul, o aumento registrado no índice de janeiro de 2025 compensou parcialmente a queda observada no mês anterior (-1,8%). Ao analisar os dados interanuais, observa-se um crescimento expressivo em todos os setores, exceto em equipamentos e materiais de escritório. No entanto, espera-se que esse desempenho não se mantenha ao longo do ano, especialmente após maio, devido à base de comparação elevada gerada pelo efeito extraordinário da crise climática de 2024, que impulsionou a economia local. Assim, espera-se um arrefecimento maior no setor ao longo de 2025, em comparação com a economia brasileira, e que a recuperação observada nos primeiros meses perca força ao longo do ano.