O mercado de trabalho depois da enchente é pauta de reunião da Copersind
18/07/2024
Economia
Trabalhista
O mercado de trabalho depois da enchente é pauta de reunião da Copersind

“O retrato do trabalho gaúcho no mês de maio” foi uma das pautas da Conselho de Relações Sindicais e do Trabalho (Copersind), realizada de forma on-line, no dia 18 de julho. Na ocasião, o coordenador e 1° vice-presidente da Fecomércio-RS, Joel Dadda, chamou a economista-chefe da Federação, Patrícia Palermo, para apresentar o cenário.


Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) referente ao trabalho formal, em maio de 2023, o Rio Grande do Sul acabou com 2.270 postos de trabalho, sem considerar o mercado informal analisado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD. Em 2024, esse número foi de 22.180. “O mês de maio, tradicionalmente, já é um mês fraco para o mercado de trabalho. Porém, o maior impacto nesse período não foram as pessoas desligadas, mas sim o número de admissões que caiu drasticamente”, explica Patrícia. 


Em 2023 foram admitidas 120.517 pessoas e deligadas 122.787. Em maio deste ano, foram demitidos 116.039, porém somente 94.129 contratadas. “Ainda não vimos os efeitos derivados das enchentes. É muito provável que tenhamos essa repercussão ao longo dos meses de junho, julho e talvez agosto, porque existia uma expectativa grande do que pudesse acontecer. Além disso, as empresas não tinham capacidade orçamentária e nem decisória de seguir com as demissões”, explica a economista. Outro aspecto levantado foi a questão das cidades indiretamente impactadas. Além dos efeitos diretos nas regiões da mancha, também há um conjunto grande de empresas que foram atingidas indiretamente em função das consequências do desastre natural. “Um exemplo, é a cidade de Gramado, que foi fortemente atingida com a questão do aeroporto. Ela é o maior destino de turismo interno do Brasil”.


Em relação ao cenário antes da enchente, Patrícia lembrou que neste ano estavam sendo criados mais postos de trabalho em relação à 2022 e o desastre acabou “roubando” esse ritmo de evolução. Comparando com a época da pandemia, a Taxa de Desocupação era muito mais alta do que a que temos hoje. “Vamos destruir empregos pelas enchentes em um mercado de trabalho que já estava apertado, com grande demanda por mão-de-obra. Por isso, acredito ele vá absorver isso. A taxa de desemprego vai aumentar um pouco, mas não vai explodir”, analisa.


A grande questão levantada pela especialista é a ajuda que o Estado vai receber. “O índice de desemprego vai permanecer baixo e isso pode retardar as ajudas que vamos receber. O governo está olhando os indicadores. Esses sinais mostram questões a curto prazo e escondem coisas a longo prazo. Uma Taxa de Desocupação que cresça, mas não exponencialmente, pode gerar uma percepção de que as coisas estejam melhores do que estão de fato, impedindo que o Rio Grande do Sul receba a ajuda de que precisa”, pondera.


Para finalizar, a advogada e consultora trabalhista da Federação, Lúcia Ladislava, e o coordenador, Joel Dadda, falaram sobre as negociações coletivas no primeiro semestre.



Tags: